Como a soja pode revolucionar o agronegócio alagoano? Entenda aqui

Agendaa 9 de janeiro de 2017

Nos últimos 500 anos, Alagoas nunca deixou de ser sinônimo de cana-de-açúcar – o que tornou o Estado extremamente dependente das oscilações do preço (e da política governamental) de uma só cultura.

Com a crise no setor que se arrasta há alguns anos, qual o potencial do Estado para investir em outras culturas?

Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agrópecuária (Embrapa), acredita que Alagoas não apenas tem potencial para diversificar sua produção, como está dentro de uma área privilegiada que pode se tornar uma nova fronteira agrícola nacional na produção de soja – numa faixa de tabuleiros costeiros que se estende pelos Estados de Sergipe e da Bahia.

A nova área, batizada pela Embrapa de SEALBA (acrônimo de Sergipe, Alagoas e Bahia, da mesma forma como a famosa área de produção de soja MATOPIBA, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), foi identificada na pesquisa como tendo uma série de vantagens, desde condições climáticas adequadas (que conferem maior teor de proteína aos grãos), proximidade de áreas portuárias, proximidade de bacias leiteiras cujos animais consomem o farelo de soja (como no caso de Batalha, em Alagoas), além de condições de produção de sementes de qualidade que podem ser vendidas no Centro Oeste.

Além das vantagens agrícolas, contudo, uma das grandes contribuições que a soja pode ter no Estado é a mudança de mentalidade no agronegócio alagoano, já que sua produção do grão costuma atrair produtores rurais de outros Estados que injetam uma nova dinâmica na agricultura local.

“Em todo o país, as novas fronteiras da soja costumam atrair uma geração de empreendedores que se veem mais como produtores rurais do que como proprietários rurais”, diz Hibernon Cavalcante, superintendente da Secretaria de Agricultura de Alagoas. “Como nosso Estado conta hoje com uma área ociosa de mais de cem mil hectares devido à crise no setor sucroalcooleiro, boa parte dessas áreas tem potencial para ser usada na produção de grãos”.

Ainda de acordo com o especialista, a própria demanda do mercado interno e a facilidade para exportação do grão deve consolidar a tendência de diversificação da agricultura em Alagoas nos próximos anos. “A cana-de-açúcar continuará sendo uma cultura importantíssima para o Estado, que tem produtores de excelência na área, mas deve conviver ao lado não apenas da soja, como também do milho, da mandioca, do feijão e de outras culturas de acordo com as oportunidades e variações de preço no mercado”, diz Cavalcante. 

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