“A aparente normalidade”: Cícero Péricles analisa impacto da pandemia na economia alagoana; leia aqui

Agendaa 26 de junho de 2020

Cícero Péricles conhece como ninguém a realidade da economia alagoana com base em dados — e não em opiniões.

Em meio à pandemia, nada mais natural que o professor da Ufal e autor de livros como  “Economia Popular – Uma Via de Modernização para Alagoas” tenha sido cobrado por colegas e leitores a fazer uma análise dos efeitos da pandemia na economia alagoana.

O resultado acaba de sair com o artigo “Os Impactos da Epidemia na Economia Alagoana (disponível em primeira mão para os leitores de AGENDA A, no link abaixo), em que ele faz uma descrição de como os mais diversos setores da economia alagoana reagiram, entre março e junho, no que chama de “aparente normalidade”. 

“O objetivo do texto foi fazer uma descrição e análise dos efeitos na economia nesses 90 dias e não tentar fazer previsões, recomendações ou exercícios de futurologia”, diz o economista. “Até porque o grau de incerteza até quanto ao último trimestre desse ano, por exemplo, ainda é muito alto”. 

Apesar de evitar previsões ou polêmicas, Péricles revela como essa “aparente normalidade” na economia local foi mantida graças a programas federais, como o auxílio emergencial, que beneficiou diretamente mais de um milhão de alagoanos (quase um terço da população do Estado). 

Confira suas principais conclusões e, logo abaixo, a versão integral do artigo.

AGENDA A: O artigo detalha o impacto da pandemia nos mais diversos setores da economia alagoana, mas evita recomendações ou previsões. Ainda assim, fica claro que a “aparente normalidade” nesses 90 dias deveu-se, essencialmente, a repasses federais como o chamado auxílio emergencial, que beneficiou mais de um milhão de alagoanos, quase um terço da população do Estado. Como esse auxílio têm prazo de validade, o pior ainda está por vir?

Busquei não fazer previsões no artigo até porque o grau de incerteza quanto ao tamanho da retração da economia brasileira ainda é muito alto. Apesar de todas as projeções serem negativas, elas chegam a variar – 5% (FMI e Banco Mundial) até -11% (OMC). Já os órgãos governamentais brasileiros, até o momento, prevêem uma queda q entre -5,12% ( Banco Central,  no Boletim Focus de 18 de maio) e -6% (IPEA). Ou seja, sabe-se que a queda será grande, mas ainda não se sabe o tamanho do baque. Como, até em função dessas previsões negativas, há um movimento nacional para prorrogar parte dos benefícios e estímulos federais, acredito que até setembro a economia sinta menos. O grande drama e incógnita é saber o que acontecerá na economia a partir de outubro, último trimestre do ano.

Ou seja, essa aparente normalidade deve se manter até setembro, mas em outubro vem a ressaca?

A depender de como se dará a interrupção desses benefícios, é claro que Alagoas, assim como outros Estados do Nordeste que já vinham sofrendo ainda mais com a falta de investimentos federais, serão bem mais afetados. Afinal, durante o mês de maio, por exemplo, somente o chamado auxílio emergencial beneficiou mais um milhão e sessenta e cinco mil alagoanos, somando um total de R$ 770 milhões de reais por parcela. Sem esses recursos, a economia alagoana e de outros estados e municípios entrariam em colapso imediato porque seria reduzido o consumo de dois terços das famílias mais pobres, quebrando mais empresas, aumentando o desemprego.

No seu texto, fica claro também como a pandemia revelou a fragilidade da economia do Estado, principalmente no setor industrial, em que a participação do PIB já é menor do que da Agropecuária. Passada a pandemia, não seria o momento propício para que Alagoas defina um plano mais claro de desenvolvimento?

Sim, acredito que momentos como esse são importantes para a definição de estratégias e políticas industriais voltadas não apenas para atrair novos investimentos, como para fortalecer a indústria já instalada, inclusive os pequenos e médios. Espero também que, nesse período pós-epidemia, ocorra  um maior debate em Alagoas e em todo país de como enfrentar a pobreza e a desigualdade, fortalecendo os mecanismos públicos, ainda durante a retomada econômica, com políticas e programas capazes de fortalecer a base produtiva regional. 

Clique na imagem abaixo para ler o artigo na íntegra.