“De volta à casa”: pandemia aquece procura por loteamentos residenciais em Alagoas

Agendaa 20 de julho de 2020

Quando a pandemia eclodiu no final de março, o escritório de arquitetura Angeli Leão, que assinou obras como a reforma do Divina Gula e de pousadas no Litoral Norte, como o Paru Boutique Hotel, teve vários projetos comerciais suspensos temporariamente.

“Acreditávamos que seriam meses difíceis com poucos projetos”, diz o arquiteto Tiago Angeli (à esquerda, sentado), sócio do escritório com o arquiteto Ricardo Leão. “Mas, de uma maneira surpreendente, vimos nossa demanda crescer em mais de 30% comparada ao período pré-pandemia graças ao aquecimento de projetos residenciais”.

Sim, em meio ao confinamento parcial durante a pandemia, o desejo de morar em casa aqueceu não apenas os escritórios de arquitetura, como o mercado de loteamentos no Brasil e em Alagoas. “Não temos números consolidados, mas estimo que houve no mínimo um aumento de 30% da procura por loteamentos”, diz Jubson Uchôa, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-AL). “Enquanto o mercado como um todo sofreu em vendas no período, os loteamentos foram na direção contrária”, diz Uchôa. “A experiência no confinamento reativou o desejo de morar em casa”, diz Uchôa. 

De acordo com Peixoto Accyoli (à direita), alagoano à frente em São Paulo da franqueadora imobiliária Remax Brasil, com mais de 300 unidades franqueadas em 22 Estados do país, a procura por casas e loteamentos mais do que dobrou no período. “Como as pessoas perceberam que trabalhar em casa é possível, pelo menos meio período por dia, elas estão dispostas a morar mais longe do trabalho em casas com mais espaço para convivência com a família e também com um bom home office”, diz Peixoto. “E acredito que essa tendência permanecerá mesmo no pós-pandemia, inclusive em Alagoas”. 

O presidente da Ademi-AL, Jubson Uchôa (à esquerda), concorda e diz que essas mudanças não afetaram apenas a procura por loteamentos, mas estão mudando até mesmo os projetos de edifícios residenciais. “Nas novas plantas, o espaço para o home office ganha destaque ao lado de espaços de maior convívio”, diz Uchôa. “Mesmo em apartamentos não tão grandes, onde não há espaço, por exemplo, para uma grande varanda gourmet, as pessoas começam a buscar soluções como cozinhas abertas para a sala, onde possam preparar suas receitas sem ter que se distanciar dos amigos”, diz Uchôa. “São novos padrões de moradia e convivência que já farão parte dos novos projetos”.

Para o arquiteto Tiago Angeli, a pandemia está mudando até mesmo os projetos na área de hotelaria que estão apostando em projetos mais exclusivos que unem pousadas e residências para quem procura refúgio. “E mesmo quem não quis ou não pôde comprar uma casa, tem investido em melhorias no próprio apartamento”, diz Tiago, confirmando um dado já levantado pela Secretaria da Fazenda do Estado que apontou que, no mês de junho, o segmento de material de construção teve um aumento de 57% – superior até mesmo ao do setor de hipermercados, que cresceu 42% no mesmo mês.