“Havia espaço em Alagoas para uma FM de qualidade”: líder de grupo cearense explica investimento

Agendaa 5 de novembro de 2019

Enquanto grandes grupos locais de comunicação vivem um momento de retração de investimentos, o grupo cearense Marquise, por meio da marca Rede Tambaú de Comunicação, decidiu expandir sua atuação para Alagoas.

A empresária Carla Pontes, à frente do grupo nascido há 45 anos no Ceará e hoje presente em quase todas as regiões no país (na área de construção civil, hotelaria, coleta de resíduos e comunicação), veio especialmente a Maceió nesta segunda (4) para a estreia do programa de jornalismo “Nova Manhã”, da rádio Nova Brasil Maceió, primeiro grande investimento do grupo em comunicação no Estado.

“Percebemos que havia um vácuo no mercado alagoano para uma rádio com uma programação de música brasileira e jornalismo de qualidade”, diz Carla Pontes. “E, pela recepção inicial dos alagoanos, temos certeza de que a Nova Brasil Maceió consolidará nossa presença no Estado”.  

Durante sua estadia na cidade, ela falou a AGENDA A sobre a nova rádio e os planos do grupo.

AGENDA A: no momento em que grandes grupos de comunicação reduzem seus investimentos, vocês estão expandindo a atuação para Alagoas. Por que a decisão de investir no Estado? 

Já tínhamos uma presença no Estado com uma concessão de rádio AM (Rádio Palmares). E percebemos que, no mercado alagoano, existia um vácuo de uma rádio com programação musical e jornalismo de qualidade, focada no chamado mercado A/B, enfim, uma rádio com um posicionamento ainda não existente no mercado alagoano agora muito bem representado com a Nova Brasil Maceió. E apesar da recente crise econômica que afetou todo o mercado brasileiro, é preciso reconhecer que o Estado de Alagoas conseguiu fazer um bom trabalho de equilíbrio de contas públicas, enfim, conseguiu inclusive resistir melhor à crise.

Apesar de o Grupo Marquise ter nascido no Ceará, o braço de comunicação se tornou mais forte na Paraíba, sede da Rede Tambaú de Comunicação, que tem portal, rádio e emissora de TV afiliada ao SBT. Vocês pensam em investir em TV no Estado? 

O setor de rádio e de televisão depende do regime de concessões públicas. E quando oportunidades nessa área aparecem, fazemos, sim, estudos para avaliar a viabilidade do investimento. Nossa expansão para a Paraíba nasceu de uma oportunidade, mas sempre estamos estudando novos investimentos. No momento, decidimos investir na Nova Brasil Maceió não apenas por enxergar a oportunidade de trazer a Maceió uma rádio com esse posicionamento de qualidade, mas porque estamos constatando também que, graças à Internet, a rádio ganhou uma projeção e uma influência ainda maior do que tinha no passado. O mercado da comunicação está mudando muito e, hoje, por exemplo, a Nova Brasil Maceió pode ser escutada via aplicativo e em breve via nosso portal T5, inclusive transmitindo a programação com câmaras no estúdio.

Até poucos anos atrás, os Estados do Nordeste mantiveram média de taxas de crescimento superior ao de outras regiões. O grupo Marquise nasceu no Ceará, mas tem hoje presença em Estados do sudeste, como São Paulo. Você acha que em meio à atual política econômica ainda há chances da região voltar a ter taxas de crescimento como no passado?

Estamos confiantes na retomada da economia e acreditamos que a região Nordeste ainda tem um superpotencial de crescimento, até porque há muito o que ser feito, principalmente em grandes obras de infraestrutura que liberem o potencial da região em diversas áreas. Até pela maior proximidade com portos de mercados da América do Norte, ou mesmo da Europa, há muito a ser explorado em diversas áreas como turismo, infraestrutura.

Boa parte dos investimentos em infraestrutura, contudo, dependia de aportes do Governo Federal via grandes construtoras que quase desapareceram na ressaca pós Lava Jato. Essa retomada no Nordeste não será mais lenta?

Não necessariamente, porque se o governo Federal criar um ambiente de negócios favorável, com regras claras para atrair capital do setor privado, há grandes oportunidades de atração de investimentos para os Estados da região em concessão de estradas com pedágio, modernização dos portos e atração de grandes cadeias de resorts. Enfim, cabe ao Governo Federal criar a moldura adequada para que o setor privado faça a sua parte e ajude a destravar novos investimentos na região.