Após restauração de R$ 10 milhões, convento histórico de Penedo vai mesmo virar pousada? Entenda

Agendaa 8 de agosto de 2017

Do que adianta investir milhões na restauração de um patrimônio histórico de uma cidade se, poucos anos depois, o abandono e a falta de recursos para manutenção exigem uma nova restauração milionária?

Após mais de R$ 10 milhões de investimentos na restauração do convento franciscano Santa Maria dos Anjos, em Penedo, uma das joias do barroco brasileiro cujo início da construção remonta ao século 17 (alguns anos após a expulsão dos holandeses da cidade e do país, em 1654), o Iphan recomendou que o convento, que hoje abriga apenas três frades, pudesse também ser usado como pousada.

Para isso, equipou algumas das celas do convento (quartos dos frades) com suítes para que a ordem possa transformá-los em apartamentos para os turistas – e usar os recursos como suporte para a manutenção do prédio histórico.

Como a ordem dos franciscanos não tem experiência hoteleira – e alguns frades, após a restauração, alegaram a necessidade de novos ajustes para locar os quartos -, ainda é cedo para afirmar se, de fato, o convento se transformará em uma bela pousada (ao menos enquanto não tentar firmar parceria com algum gestor hoteleiro terceirizadp para fazer a gestão).

De qualquer forma, a recomendação do Iphan traz à tona um tema importante no Estado: a completa falta de uso e de vida em grandes edifícios históricos não apenas em Penedo (que apesar de todo o potencial turístico, tem menos leitos hoje do que Piranhas), como em todo o Estado.

Em Maceió, por exemplo, em frente à estação de trem na Barão de Anadia (hoje VLT),  localiza-se o monumental Palácio do Arcebispo de Maceió, imponente construção do início do século passado que poderia, por exemplo, abrigar um centro cultural ou um novo museu da cidade.

Em destinos turísticos do mundo inteiro, grandes prédios históricos que perderam suas funções (ou mesmo parte delas) são revitalizados para abrigar bibliotecas, museus, salas de concertos musicais, centros culturais, espaço para shows, enfim, abrigar vida.

Em Maceió e outras cidades de Alagoas, sem políticas de estímulo à revitalização, eles continuarão sendo apenas espectros de um passado morto e sem conexão com o público  – a não ser pelos custos milionários de manutenção pagos, claro, pelos contribuintes.   

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