Por que Maceió não tem um planetário nem grandes museus de ciência?

Agendaa 2 de agosto de 2018

por Rodrigo Cavalcante

“Será que Maceió tem público para um grande evento literário?”, questionavam alguns, até a Bienal Internacional do Livro levar milhares ao Centro de Convenções.

E se alguém ainda tinha dúvidas quanto ao interesse dos alagoanos por temas ligados à Ciência e Tecnologia, deve ter mudado de ideia diante das milhares de pessoas nos estandes e palestras da 70ª reunião anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência.

Ao todo, a organização estima que 12 mil pessoas se deslocaram até o campus da Ufal para cursos, palestras e exposições. Muito além dos universitários, os estandes também estavam lotados de estudantes de ensino básico e médio tendo contato pela primeira vez com tecnologias de realidade aumentada (para interagir com a fauna marinha, no estande da Fapeal) ou de um planetário itinerante.

A SBPC passou, mas deixou uma questão em aberto: como uma capital turística com cerca de um milhão de habitantes como Maceió não tem sequer um grande museu de ciência ou mesmo um planetário (o único do Estado está localizado em Arapiraca)?

Com exceção de alguns espaços e iniciativas importantes como os do Museu de História Natural da Ufal e da Usina Ciência, o fato é que já passou do tempo de Maceió ter ao menos um planetário e investir em espaços mais atraentes para despertar o interesse pelo tema e servir de apoio à rede de educação – de preferência, como mostra o exemplo bem sucedido de capitais como Medellin, na fronteira de bairros mais carentes de espaços de lazer e educação.

Segundo o presidente da SBPC, Ildeu de Castro, ele próprio um entusiasta da divulgação científica, o tema foi discutido com o prefeito Rui Palmeira durante o evento – e, ao menos segundo Ildeu, o prefeito mostrou interesse.

Resta agora esperar e cobrar para que o interesse se transforme em realidade como um dos grandes legados da passagem pela SBPC por Alagoas.

Até para que não se repita erros do passado.

Como, por exemplo, o do projeto do marco referencial do turismo, no antigo Alagoinha, iniciado ainda na gestão passada do Governo Téo Vilela que, até mesmo pela vocação do local, poderia ser um grande centro ou museu de referência e educação em Biologia Marinha — em uma das poucas capitais do mundo que tem o privilégio de ter sua orla urbana cercada de corais.