Comida para 10 mil pessoas em uma festa? Réveillon é “desafio master” para chefs alagoanos

Agendaa 31 de dezembro de 2016

Os números impressionam – e fazem desafios como os do reality MasterChef parecerem coisa de iniciante.

Servir em uma única noite 10 mil pessoas que consumirão mais de 140 mil salgados, dois mil quilos de frios, além de pratos elaborados na hora para camarotes que exigem o preparo de 500 quilos de polvo, 100 quilos de arroz, entre outros ingredientes?

Esse é o desafio de chefs alagoanos como Tatiana Brasil, à frente este ano pela segunda vez do buffet do Réveillon Allure, em Jacarecica, onde comandará cinco cozinhas e uma equipe de cem profissionais para servir um público estimado em quase 10 mil pessoas distribuído em três áreas do evento.

Com quase dez anos de experiência à frente de festas de Réveillon (como Wonderful Life, em 2007, e o primeiro Absoluto, em 2009), a chef conta que o processo de aprendizado de um evento deste porte se deu junto com a própria expansão da escala das festas na cidade. “Para servir de 300 a 3 mil pessoas, de 3 mil a 10 mil, o segredo está no planejamento”, diz a chef. “Para um Réveillon com o porte do Allure, esse planejamento começa pelo menos 6 meses antes”.

Ainda de acordo com a chef, o principal desafio na cozinha de um evento deste porte é manter a identidade dos pratos e não cair na tentação de produzir uma série padronizada. “É claro que um evento desta escala exige planejamento e logística no preparo antecipado de salgados e frios, mas não abro mão de reservar espaços para preparar pratos na hora que cheguem ao cliente com o frescor e sabor, como nosso arroz de polvo peruano”.

No Litoral Norte do Estado, à frente do Buffet do Réveillon de Milagres (voltado para um público menor, mas extremamente exigente) de 1700 pessoas, os chefs Wanderson Medeiros, do Picuí, e Artur Nagae, também concordam que o principal diferencial no planejamento de uma festa é cuidar para manter pratos com sabores marcantes. “Muitas pessoas que vêm a Milagres lembram do cardápio do ano anterior e já perguntam se vai ter o arroz de polvo novamente, por exemplo”, diz Wanderson, chef do Picuí, que começa a trabalhar no planejamento de um evento como esse ao menos 30 dias antes. Em Milagres, o chef conta que também não abre mão de incluir guloseimas regionais no café da manhã, com frutas regionais, compotas com queijo coalho, cocadas, biscoitos Maragogi, bolo de rolo, entre outros.

Financeiramente, vale a pena sacrificar o Réveillon ao lado da família todos os anos para realizar um evento deste tipo? “Não tem maneira melhor de curtir o Ano Novo do que fazendo o que mais gosto, que é proporcionar prazer às pessoas através da comida”, diz Wanderson.

A chef Tatiana Brasil diz também que não abre mão do trabalho na virada: “Não se encara um desafio de servir dez mil pessoas apenas pelo lado financeiro, mas pelo prazer de dar o nosso melhor”, diz a chef. Ela diz que só consegue realmente relaxar e curtir o Ano Novo no início da noite do dia 1º. “Somente após constatar que tudo deu certo, ver os feedbacks positivos e elogios nas redes sociais, consigo realmente curtir, feliz, a chegada do novo ano”.

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