“Alagoas tem a melhor arte popular do país”, diz curador de mostras em SP; veja entrevista

Agendaa 11 de novembro de 2016

De Curitiba, no Paraná, ao Cariri, no Ceará, o diretor de Conteúdo da Casa Cor, Pedro Ariel, viaja o Brasil inteiro em busca do que há de melhor no design e na arte popular do país.

“Nem sempre alguns colegas de outros Estados gostam quando digo isso, mas acredito que a arte popular de Alagoas é a melhor do país”, diz o curador, que esteve essa semana em Maceió para falar sobre o tema no Casa Cor Talks.

Abaixo, ele falou com AGENDA A sobre a projeção da arte popular alagoana e sobre como ela pode ser ainda mais valorizada.

AGENDA A – Nos últimos anos, a arte popular de Alagoas conquistou projeção em exposições nacionais e na mídia especializada. O que fazer para que essa projeção não seja apenas temporária?

Não sou propriamente especialista em negócios e não sei exatamente quais as melhores estratégias para valorização dos artistas locais. Mas posso dizer que a qualidade dos artistas alagoanos impressiona. Já disse, e ainda posso dizer, que Alagoas tem hoje a melhor arte popular do país. É claro que a valorização dos artistas locais depende de pessoas que saibam olhar e identificar os grandes talentos, já que nem sempre é fácil distinguir um talento especial em meio a uma série de artesãos, ainda que tenham obras de qualidade, não contam com propriamente com uma identidade própria. Em Alagoas, vocês têm o privilégio de contar, por exemplo, com o trabalho da Maria Amélia Vieira (Galeria Karandash), que foi responsável pela projeção de inúmeros artistas alagoanos em todo o país. Enfim, assim como Janete Costa teve um papel essencial na projeção da arte popular de Pernambuco, esse olhar é essencial para projetar e estimular a produção dos próprios artistas. E fico feliz em ter, por meio de exposições em São Paulo, colaborado em projetar os talentos alagoanos.        

Quais são os artistas locais que você mais admira?

São vários artistas, mas alguns deles se destacam por influenciar novas gerações. Esse foi o caso do seu Fernando, da Ilha do Ferro, que deixou um legado. Dos artistas em atividade, admiro muito as esculturas de barro do João das Alagoas, em Capela, da Sil, de Capela, entre outros que tem despontado recentemente. 

Você acredita que os arquitetos e designers alagoanos já tem dimensão do potencial da arte popular do Estado?

Claro que, em Estados como Pernambuco, o trabalho de personalidades como Janete Costa, ou mesmo de um Ariano Suassuna, consolidaram uma cultura de valorização da arte popular muito forte há algumas décadas. Mas acredito que isso está, sim, começando a acontecer aqui em Alagoas. Prova disso foi o impacto da presença da arte popular alagoana em alguns ambientes da primeira edição da Casa Cor Alagoas, como nos espaços de arquitetos como o Lúcio Moura, Tiago Angeli e Ricardo Leão, além de uma nova geração de designers locais como Rodrigo Ambrósio. Essa identidade local é essencial para o Estado e acho que precisa, sim, ser sempre incentivada. Mas acredito também que, quando se faz arte de qualidade, como a que tem se produzido em Alagoas e outras regiões, cedo ou tarde os talentos são descobertos. E fico feliz de ter ajudado, por meio do meu trabalho, a dar mais visibilidade a esses artistas em exposições e publicações nacionais.

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