Neste domingo: sessão gratuita resgata obra (quase perdida) do maior documentarista alagoano

Agendaa 16 de dezembro de 2018

Quem comparecer às 19h deste domingo no Arte Pajuçara terá a chance de ver um registro raro sobre a cultura e a arte popular alagoana.

Um registro que, por pouco, não foi apagado pelo tempo.

São cinco filmes (curtas) gravados entre 1975 e 1982 do fotógrafo e cineasta alagoano Celso Brandão que serão exibidos na sessão “Relicário Mágico da Terra”, no encerramento da mostra Sururu de Cinema.

Décadas antes da arte popular alagoana ser valorizada localmente, Brandão registrava, com enquadramento de bom fotógrafo e olhar de antropólogo, costumes e técnicas de muitos artistas e artesãos que hoje entraram para a história.

É o caso, por exemplo, do artista Manoel da Marinheira (1916-2012), cujo trabalho foi registrado por Brandão em 1979 no documentário “Na Boca da Mata”, um dos filmes que serão apresentados neste domingo. Da coleta dos troncos mortos até a finalização das peças de madeira inspiradas em animais da fauna brasileira, o filme revela, em pouco mais de cinco minutos, tanto o processo criativo do artista quanto o cotidiano de Manoel, sua esposa e seus filhos na zona rural do município alagoano de Boca da Mata.    

Já em Porto Real do Colégio, o cineasta registrou em 1978 a técnica indígena da cerâmica no filme “Cerâmica Utilitária Cariri”, à época uma das principais formas de subsistência de um grupo de mulheres descendentes da comunidade indígena Kariri-Xocó. O documentário mostra o procedimento de confecção das louças de barro e informações etnográficas trazidas pela narração de Vera Calheiros.

Na sessão, cuja curadoria é do jovem cineasta alagoano Ulisses Arthur (do premiado curta “As Melhores Noites de Veroni”), serão exibidos ainda os filmes “Guerreiro das Alagoas” (de 1982, acompanhando o grupo do Mestre João Inácio em apresentações itinerantes do folguedo), “Mandioca da Terra à Mesa” (1977, acompanhando as etapas do cultivo da mandioca) e  A Feira do Passarinho, um raro registro da famosa feira urbana no Centro de Maceió em 1975.

“Além da beleza das imagens e do registro de ritos cotidianos e folclóricos do povo alagoano, os filmes de Celso são uma verdadeira inspiração e viagem que nos permite aprender e compreender o que há de melhor na produção do cinema alagoano”, diz o curador Ulisses Artur, que lembra que os filmes, dados como perdidos, foram reencontrados por Celso há poucos anos em uma caixa do correio na reserva técnica do Museu Théo Brandão.

Felizmente, com mais de 40 filmes produzidos (boa parte deles premiados desde os primeiros festivais de cinema em Penedo), Celso Brandão, continua não apenas a produzir (lançou nesta Mostra Sururu o novo documentáro “Chau do Pife”) – como tem encontrado uma nova geração de cineastas mais preocupados com a preservação do seu legado.  

 

SERVIÇO:

Sessão Relicário Mágico da Terra (Encerramento da IX Mostra Sururu de Cinema Alagoano)

Onde e quando: Domingo (16/12), no Centro Cultural Arte Pajuçara, às 19h

Ingressos: entrada franca

Mais informações: mostrasururu.com.br