“A todo mundo eu dou psiu”: morre no Rio mulher que inspirou “Sabiá” e outros clássicos do baião

Agendaa 3 de janeiro de 2017

A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu)/ Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu)/ Tendo um coração vazio/ Vivo assim a dar psiu/ Sabiá, vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)

Parceiro de Luiz Gonzaga, o médico e compositor Zé Dantas, que faleceu em 1962, dedicou a música acima na folha de papel datilografada da letra: “Para minha querida Yolanda, por quem pergunto todo dia ao sabiá”.

Pois é, Dona Yolanda Dantas, viúva de Zé Dantas e guardiã da Memória do marido por quase 55 anos, morreu aos 86 anos nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro – e, de acordo com o Jornal do Commercio, será cremada e terá suas cinzas trazidas para o cemitério de Santo Amaro, onde serão depositadas nesta terça (3) no mausoléu onde repousa Zé Dantas.

Filha de um homem de negócios bem conceituado no Recife, Dona Yolanda conheceu Zé Dantas quando foi ser professora primária no Sertão do Pajeú, em um povoado perto de Serra Talhada. O então estudante de Medicina, que já compunha algumas músicas, começou a cortejar a jovem e a relação terminou em casamento no ano de 1954.

A essa altura, Zé Dantas já tinha tido a oportunidade de conhecer, no Grande Hotel, no Recife, o cantor e compositor Luiz Gonzaga, que se encontrava em temporada. Em seguida, mostrou algumas de suas composições como “Acauã”, “Vem morena“, “A Volta da Asa Branca” e “Forró do Mané Vito” que logo se tornariam grandes sucessos na voz do “Rei do Baião”.

A princípio, Zé Dantas pediu a Luiz Gonzaga para não colocar seu nome nas músicas para evitar que sua família soubesse que o médico estava “metido em negócios de música”. Com o tempo, contudo, Zé Dantas foi dedicando cada vez menos tempo à Medicina e mais à música, o que resultou na composição em parceria com Luiz Gonzaga de clássicos como “Cintura fina”, “Riacho do navio”, “Vem morena”, “Vozes da seca” e a “A Letra I” – em homenagem também a Yolanda, embora seu nome começasse com “Y”.

Desde a morte precoce do compositor Zé Dantas, aos 41 anos, em 1962, Dona Yolanda se tornou guardiã do acervo de memórias do marido que recentemente estava armazenado em uma das salas do seu apartamento em Boa Viagem.

Ouça sabiá e outros sucessos de Zé Dantas abaixo – e veja mais detalhes sobre a morte de Dona Yolanda em matéria do Jornal do Commercio aqui.

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