Por que Marta, e não Neymar, é o único nome do Brasil na disputa dos melhores do mundo da Fifa?

Agendaa 24 de julho de 2018

por Rodrigo Cavalcante

Ela já tem 32 anos – o que não é pouco para uma atacante. Ela joga em campeonatos não transmitidos pela TV brasileira, no Orlando Pride, classificado (até esta postagem) na quarta posição da liga feminina dos EUA. E ela nem de longe tem o mesmo destaque, salário (e cachê publicitário) de um craque como Neymar.

Ainda assim, ela foi o único nome do futebol brasileiro na lista divulgada pela FIFA na disputa pelo prêmio de melhor do mundo.

A alagoana de Dois Riachos Marta foi o único nome, diga-se de passagem, em todas as categorias – já que nenhuma outra jogadora ou jogador profissional do Brasil entrou este ano na lista de concorrentes.

Ao todo, essa é a 14ª indicação de Marta ao prêmio, que já levou em cinco ocasiões: 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010.

Por que Marta continua lá – e não o craque Neymar, estrela bilionária em ascensão no Paris Saint Germain?

Claro que, por razões históricas, de popularidade e pressão, qualquer comparação entre o futebol masculino e o feminino seria inadequada.   

Ainda assim, o contraste entre a indicação de Marta e a não indicação de Neymar talvez revele algo importante sobre a postura de um jogador profissional.

Marta é dura na queda. De origem humilde, mas altiva. Expõe pouco sua vida pessoal. Transmite confiança, consistência. Não à toa foi escolhida este mês pela ONU como embaixadora global da Boa Vontade.

E Marta, claro, joga muito.

Neymar também joga muito. Muito, mesmo – e não adianta querer crucificá-lo pelo desempenho recente na Copa.  

Comparada à altivez segura de Marta, contudo, a postura de Neymar, muitas vezes, lembra à de um craque júnior.

Marta Vieira da Silva é apenas Marta. E isso é muito.  

Aos 26 anos, quem sabe Neymar Júnior não consegue ser apenas Neymar.