Pirarucu alagoano: empreendedores inovam ao criar peixes da Amazônia no Agreste

Agendaa 4 de julho de 2019

Não é apenas no Rio Amazonas que o pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo, pode ser encontrado.

Em uma barragem no município de Junqueiro, agreste alagoano, não apenas crescem em tanques dezenas de pirarucus, como outras espécies como surubim e tambaqui criados pela Peixe DuBosque, empresa nascida em Alagoas que decidiu investir na produção de peixes amazônicos para diversificar a piscicultura até então focada na criação de tilápias.

“Decidimos apostar nos peixes amazônicos como forma de agregar valor e estamos muito satisfeitos com o resultado”, diz o especialista em zootecnia Henrique Soares que, após anos de experiência como consultor do Sebrae, decidiu abrir em sociedade com o pai e um sócio-gerente a empresa para explorar a piscicultura em Alagoas.

Desde que foi fundada, em 2014, Carlos Henrique estima que a empresa consumiu mais de R$ 1 milhão em investimentos em estrutura e pessoal para monitoração dos atuais 300 tanques de rede na barragem – 170 deles dedicados à criação da tilápia, 50 para tambaqui, 50 para o surubim e 30 para criação do pirarucu (veja imagens em vídeo abaixo).

Após iniciar com sucesso a criação de tilápia, cuja produção mensal entre 6 e 7 toneladas é comercializada em feiras e distribuidores das cidades próximas, a DuBosque iniciou a diversificação com a introdução do tambaqui, bastante procurado, e anos depois, pelo surubim e o pirarucu, espécies de manejo mais difíceis que exigiram investimentos maiores em técnicas e aprendizado prático para consolidar a criação.

No caso dos surubins, por exemplo, a ração usada para engorda mais rápida do peixe carnívoro tem por base proteína animal. Para estimular a alimentação dos peixes, que costumam permanecer mais ao fundo dos tanques, a DuBosque desenvolveu novas técnicas como, por exemplo, a introdução de algumas tilápias que, ao saírem à frente para comer a ração, terminam servindo de alerta e estímulo para os surubins se alimentarem.

O esforço de aprendizado é compensado não apenas pela engorda mais rápida, como pela diferença no valor de comercialização. Enquanto o quilo da tilápia viva costuma ser comercializada por R$ 7 e o do tambaqui entre R$ 8 e R$ 9, o do Surubim pode chegar a ser vendido entre R$ 15 e R$ 18. E o quilo do Pirarucu vivo entre R$ 30 e R$ 35.

“Após consolidarmos a experiência no manejo de surubim, estamos agora aperfeiçoando o manejo do pirarucu para expandir e diversificar nossa produção”, diz Henrique, cujos pirarucus começam a ser procurados tanto por serviços de bufê no Estado, onde o sabor e o porte do peixe costumam impressionar ao ser servido inteiro na travessa, como por apreciadores que costumam prepará-lo na brasa como churrasco.

De acordo com o empreendedor, uma vez dominadas as técnicas de manejo das espécies, o próximo passo da empresa é a expansão da produção para outras áreas e a criação de uma futura indústria de processamento de peixes produzidos no Estado. “Por isso mesmo, queremos disseminar as técnicas de manejo entre outros produtores para contarmos com volume maior necessário para manter uma unidade de processamento”, diz o empresário, de olho nos tanques – e no futuro da piscicultura no Estado.