Eduardo Setton e o novo ambiente de tecnologia em Alagoas

Agendaa 10 de janeiro de 2014

Até hoje, Eduardo Setton não parece ter nem o porte sisudo nem o verniz político típicos de um Secretário de Estado. Mesmo quando usa paletó e gravata em eventos oficiais, seu aparelho ortodôntico e tom de voz empolgado com as ações de inovação e tecnologia em Alagoas dão-lhe aparência de um jovem estudante-empreendedor ainda não contaminado pelo ceticismo (ou cinismo) quanto ao futuro do Estado. Não é à toa que, quando Setton foi convidado a assumir, em 2010, a Secretaria de Ciência e Tecnologia no governo Téo Vilela, muitos acreditaram que ele seria presa fácil e rápida da máquina política e da burocracia-corporativista pública.

Felizmente, isso parece ainda não ter acontecido. 

Desde que retornou a Alagoas, em 2000, após concluir o mestrado e doutorado pela PUC do Rio de Janeiro, Setton voltou à UFAL (onde havia se formado em Engenharia Civil, em 1992) e passou a trabalhar em projetos de vanguarda que uniram a academia e o setor produtivo. O mais importante desses projetos, em conjunto com colegas recém-chegados de centros de pesquisa, foi a montagem do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), reconhecido como referência nacional por empresas como a Petrobras, responsável pela maioria dos convênios com a instituição.

Foi na inauguração da nova sede do Laboratório, em 2009, que o governador conheceu o pesquisador pela primeira vez. Um ano depois, quando Vilela, na véspera do segundo mandato, decidiu unir a pasta de Planejamento, nas mãos de Sérgio Moreira, à de Desenvolvimento Econômico, capitaneada pelo atual secretário Luiz Otavio Gomes, o governador teria tentado convencer Moreira a permanecer no governo à frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Com a decisão de Moreira de regressar a Brasília, o secretário Luiz Otavio Gomes teria lembrado ao governador do nome “daquele professor” que havia criado um Laboratório de referência na UFAL.  

Desde que assumiu, Setton tenta construir no governo as mesmas pontes que construíra na UFAL, unindo a gestão pública, a academia e o setor privado – algo que, convenhamos, não é nada fácil de ser feito em um Estado dividido, de um lado, por um setor privado marcado pela “escola João Lyra de gestão” e, do outro, por uma tradição acadêmica hostil ao setor privado.    

Com paciência, tenacidade e, como ele próprio faz questão de reconhecer, uma base sólida de recursos asseguradas pela ex-secretária da pasta, Kátia Born, Setton conseguiu aos poucos implementar uma série de projetos que só agora começam a ser reconhecidos.

O mais importante desses projetos é a criação do Instituto Parque Tecnológico de Alagoas, que fará a gestão dos já existentes polos agroalimentares de Arapiraca e Batalha e do novo polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços (TICS), no bairro do Jaraguá. Na prática, Setton quer garantir a sustentabilidade desses polos dentro de um plano para os próximos dez anos e fazer da nova sede da Secretaria, no Bairro do Jaraguá, um ponto de apoio e integração entre governo, academia e todas as novas empresas (startups) que despontam no Estado.

Para garantir condições financeiras para a inovação no Estado, Setton apoiou o lançamento de editais e linhas de crédito com foco nas micro e pequenas empresas. Com apoio da presidente do conselho da FAPEAL, Janesmar Cavalcanti, garantiu que os recursos da Fundação fossem destinados ao edital Tecnova, em parceria com o Governo Federal, disponibilizando R$8 milhões para projetos de micro e pequenas empresas na área de inovação tecnológica.

Com a recente decisão do governador Téo Vilela de permanecer no cargo até o final de 2014, Setton postou mensagem em seu Facebook (que usa compulsivamente) para alfinetar os negativistas que só vivem lançando “lentes de aumento para que vejamos nossas mazelas”.

Pelo jeito, ao menos até o final de 2014, o otimismo empreendedor do pesquisador-secretário não deve parar.

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