Fora do governo, qual o destino de Luiz Otavio Gomes?

Agendaa 14 de janeiro de 2014

Não é difícil entender por que, entre as mudanças anunciadas no secretariado no início da semana, a de maior impacto no setor empresarial é a saída de Luiz Otavio Gomes da pasta de Planejamento e Desenvolvimento Econômico.

Com a presença discreta (e quase invisível na mídia) do secretário da Fazenda, Maurício Toledo, e a saída de Sérgio Moreira do Planejamento (para que a pasta fosse incorporada à de Desenvolvimento Econômico), Luiz Otávio tornou-se uma espécie de supersecretário no segundo mandato de Téo Vilela, coordenando projetos com presença em todas as outras pastas, como o “Alagoas Tem Pressa”, que estabeleceu metas para todas as secretarias.

Em um governo marcado por uma percepção de desempenho claudicante nas pastas sociais, o estilo hiperpragmático e a adoção de métodos gerenciais fez sua secretaria ser vista como modelo de eficiência e resultados, tornando-o o principal coordenador das ações do governo na atração de novas empresas. Apesar dessa concentração de poder também render atritos com secretários que se sentiram invadidos em suas pastas (a exemplo do ex-secretário de Infraestrutura, Marco Fireman, que também deixou ontem o cargo), Luiz Otavio consolidou seu nome no governo como principal interlocutor da iniciativa privada fazendo com que, na prática, ele se tornasse uma espécie de porta-voz das boas notícias do governo.

Como explicar, então, a opção de Vilela de tirá-lo da secretaria no momento em que anuncia que ficará no governo para finalizar projetos e entregar as obras prometidas?

Na versão do ex-secretário, a razão é simples. Ele afirma que já havia acordado com o governador que sua data limite para permanecer no cargo seria até março quando, com o anúncio antecipado de Téo Vilela de que permaneceria no cargo, o próprio governador preferiu trocar de uma só vez todo o secretariado que não permanecerá no cargo até o final do ano.

Livre da secretaria, Luiz Otavio diz ter dois objetivos. O primeiro seria o de estruturar uma nova consultoria (batizada inicialmente como Luiz Otavio Estratégia e Gestão), onde trabalharia formulando estratégias de negócios para grandes empresas interessadas em desembarcar em Alagoas. “É uma forma de continuar trabalhando diretamente para o desenvolvimento do Estado”, diz o ex-secretário. E o segundo objetivo, mais revelador politicamente, seria a criação um instituto pluripartidário (ou ONG) que unisse economistas, técnicos e pensadores em torno de temas ligados ao desenvolvimento de Alagoas. Para isso, Luiz Otavio estaria buscando aproximar-se inclusive de economistas que não costumam voar ao lado de tucanos – como, por exemplo, o professor da UFAL Cícero Péricles, comentarista da TV Gazeta e filiado ao Partido dos Trabalhadores.

Luiz Otavio, que é por sua vez filiado ao PSDB, não esconde de ninguém que fica, sim, feliz, toda vez que seu nome é cotado como uma das possíveis alternativas da base do partido para disputar o governo do Estado. “Quem não ficaria feliz ao ver seu nome reconhecido?”, pergunta o ex-secretário. “Ainda que eu permaneça na iniciativa privada, encaro essas citações como um reconhecimento de que realizamos um trabalho competente”.

Como a pasta de Luiz Otavio ficará inicialmente nas mãos de Poliana Santana, sua adjunta e nome de confiança, o movimento de Téo Vilela revela que o executivo pode estar deixando a secretaria, mas não propriamente o governo, podendo ser uma peça importante na estratégia política de Téo Vilela para fazer seu sucessor. Ainda que não conte com carisma político nem base eleitoral, seu trânsito fácil entre o empresariado o faria um nome forte para, por exemplo, garantir recursos para ingressar em uma chapa como candidato a vice-governador.

Segundo fontes do PSDB, o próprio Luiz Otavio já teria sinalizado o desejo de ocupar esse cargo – o que permitiria, caso a estratégia fosse bem sucedida, que ele pudesse lançar-se, no futuro, ao governo – assim como o atual governador de Minas, Antonio Anastasia, era um nome técnico dos tucanos até ser alçado ao governo ungido por Aécio Neves.   

No curto prazo, o ex-secretário diz apenas que descansará nos próximos dez dias na Barra de São Miguel. Como a maioria dos políticos do Estado encontra-se por lá nesse verão, tudo indica que o descanso de Luiz Otavio possa ser bem produtivo.  

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