Por que os “edifícios de uso misto” devem ser incentivados em Maceió? Entenda aqui

Agendaa 20 de janeiro de 2020

Quem anda pela região da Praça do Skate, na Ponta Verde, percebe a diferença.

Após décadas de movimento rarefeito, a praça passou a ser ocupada não apenas por crianças e adolescentes, como por pessoas de todas as idades em busca dos espaços de lazer e dos food trucks que hoje fazem parte do local, assim como das lojas, cafeterias e restaurantes no térreo do edifício Maceió Facilities, um dos poucos da capital projetados para uso misto.

Projetados para mesclar núcleos residenciais combinados de forma inteligente com espaços comerciais, os edifícios de uso misto têm sido usados como agentes para resgatar a vida urbana das cidades. O motivo é simples: além de reduzirem a necessidade do automóvel, a convivência de moradias com comércio e serviços impede que as ruas fiquem desertas à noite, no caso de bairros comerciais, e durante o dia, no caso de bairros residenciais, melhorando a sensação de segurança.

A tendência vai de encontro à velha (e fracassada) ideia de zonear a cidade em bairros exclusivamente residenciais, comerciais ou para serviços que resultou na decadência de diversos bairros mundo afora – inclusive do Centro de Maceió, que também começou a decair assim que as últimas famílias com residências na região deixaram o bairro.

Além do Maceió Facilities, da construtora Record, na Ponta Verde, outros projetos de uso misto já lançados como o JTR, da construtora Gafisa/Cipesa, o Time, da construtora Colil, também na Ponta Verde, ainda são raros no mercado imobiliário alagoano.

“Por uma série de benefícios que vão da redução do trânsito à melhoria da segurança, os edifícios de uso misto precisam ser abraçados e incentivados tanto pelo poder público quanto pelos empresários”, diz Felipe Cavalcante, fundador da Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (Adit). “Para isso, é preciso também, quando necessário, revisar alguns entraves nas regras de zoneamento e de vagas de garagem, por exemplo, para facilitar a difusão desses edifícios em corredores urbanos à beira-mar, como tem sido fomentado em cidades como Fortaleza”.

Para Hélio Abreu, da Record Incorporações, há também entraves culturais no próprio mercado imobiliário. “Antes de lançarmos o Facilities, havia um mito de que o consumidor alagoano seria mais conservador e reticente para adquirir um edifício de uso misto”, diz Abreu.  “Mas o sucesso de vendas do empreendimento logo desmentiu essa ideia”. Não à toa, a construtora já está projetando outro lançamento, também na Ponta Verde, na Rua Mário de Gusmão. “Claro que todo projeto precisa ser pensado de forma única, mas há uma demanda cada vez maior não apenas por praticidade, como também pela redução do valor do condomínio resultante da locação dessas áreas para operações comerciais”.

Segundo Jubson Uchôa, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-AL), o modelo de uso misto integra o empreendimento à sociedade e traz mais segurança aos bairros. “Por conta disso, apoiamos, sim, o fomento de construções de prédio com esse formato”, diz.