Maior resort já construído em Alagoas mantém cronograma de obras e previsão de inauguração

Agendaa 10 de abril de 2021

Nem a segunda onda de pandemia paralisou o maior investimento turístico da história recente de Alagoas.

Com 518 quartos e investimento de mais de R$ 150 milhões do grupo português Vila Galé (rede que tem 27 hotéis em Portugal e 10 no Brasil), o novo resort Vila Galé Alagoas, construído na Praia de Carro Quebrado, na Barra de Santo Antônio, mantém o cronograma de obras e, ao menos por enquanto, não alterou a previsão de abertura para o próximo ano.

Segundo o diretor de operações dos hotéis do grupo no Brasil, o português José António Bastos, cerca de 20% das obras do novo resort já estariam concluídas e o grupo mantém a projeção de inauguração em 2022.

“Apesar de ser ainda cedo para anteciparmos eventuais contratempos, inclusive o impacto do período de chuvas esse ano, o calendário segue com expectativa de finalização das obras por volta de junho do próximo ano”, disse o diretor do grupo em entrevista a AGENDA A nesta sexta (9).

AGENDA A: A segunda onda da pandemia afetou o cronograma das obras do Vila Galé Alagoas?

Como todo mercado da construção, enfrentamos alguns obstáculos no que concerne ao fornecimento de materiais e na restrição de mão de obra, mas nada significativo a ponto de alterar nosso cronograma nesse momento. Apesar de ser prematuro fazer previsões nesse período, até porque ainda não sabemos como será o período de chuvas neste ano, acreditamos que, se não houver nenhum dilúvio ou ponto fora da curva, as obras devem estar finalizadas em meados de maio e junho do próximo ano.

Quanto da obra já foi finalizado?

No momento, acredito que cerca de 20%.

Dos 10 hotéis Vila Galé já existentes no Brasil, dentre os quais cinco resorts, o Vila Galé Alagoas foi anunciado como mais semelhante ao do projeto do Vila Galé Touros, no Rio Grande do Norte. No que ele será semelhante ao resort de lá e o que ele terá de diferente?

As semelhanças do Vila Galé Alagoas com o Vila Galé Touros devem-se mais ao formato do terreno à beira-mar, o que condiciona também a disposição dos edifícios na planta, assim como o próprio Vila Galé Touros se inspirou muito no Vila Galé Cumbuco (Ceará). Apesar de algumas semelhanças, o Vila Galé Alagoas terá algumas inovações, como um parque aquático, novas opções gastronômicas e até uma boate. Além, claro, dos espaços como salão de eventos para 1.500 pessoas e oito salas de reuniões.

Há uma expectativa de que o Vila Galé possa ajudar a incrementar o desembarque de turistas europeus em Alagoas, reforçado ainda mais com o recente anúncio do voo direto da TAP. Até que ponto isso deve ocorrer e qual o peso atual dos turistas europeus na taxa de ocupação dos resorts do grupo no Nordeste?

Por sermos uma marca consolidada em Portugal, a implantação de um empreendimento nosso em Alagoas deve ter um reflexo na atração de turistas de Portugal para Alagoas. Até porque as belezas naturais de Alagoas são conhecidas em Portugal e, somado ao novo voo da TAP e ao trabalho de promoção do destino que o governo tem realizado, temos certeza de que isso ajudará a atrair cada vez mais turistas de Portugal e de outros países da Europa. Mas, a grande base de mercado dos resorts do Grupo Vila Galé no Nordeste tem como foco o turista brasileiro, principalmente de São Paulo, Brasília, Minas, Goiás, enfim, esse grande mercado interno, além, claro, dos argentinos. Até porque os portugueses viajam de forma mais concentrada em períodos específicos, como no Natal e no Revéillon.  

Qual a expectativa de vocês em relação ao resort em Alagoas e que obras de infraestrutura no entorno da Barra de Santo Antônio seriam mais importantes para alavancar o destino?  

O grupo Vila Galé já tinha o desejo há anos de abrir um resort em Alagoas. Afinal, Alagoas, efetivamente, já era um destino consolidado com praias fantásticas, uma cor do mar única, enfim, belezas naturais que se diferenciam. A questão era encontrar o melhor local e o melhor momento. Esse interesse natural do grupo, somado ao esforço do atual governador Renan Filho e equipe, como o secretário do Turismo e Desenvolvimento Econômico, Rafael Britto, estreitou o diálogo para que o projeto se tornasse realidade. Quanto às obras de infraestrutura, a mais importante, claro, é o acesso rodoviário, obras que o governo já está realizando com duplicação da AL 101 Norte, além de outros acessos para diminuir a distância entre o aeroporto e o destino. Isto é essencial, já que um turista que vem de São Paulo, por exemplo, e já perdeu horas para chegar até o aeroporto de Guarulhos, não quer desembarcar em Maceió e perder ainda mais tempo no trânsito para poder descansar no resort. Mas nossa expectativa é a melhor possível. Temos total confiança nesse governo que sempre cumpriu rigorosamente com tudo o que foi acordado, assim como os protocolos que temos também com a Prefeitura de Barra de Santo Antônio.            

Além de infraestrutura, destinos como Portugal, por exemplo, mudaram recentemente de patamar turístico ao investir cada vez mais em atrações culturais, gastronomia, história e na tradição cultural. Quem faz melhor isso no Nordeste e o que Alagoas pode melhorar nesse aspecto?

É inegável que o turismo de sol e mar, até pelas praias fantásticas e belezas naturais, tem sido o grande foco da promoção turística de Alagoas e continuará sendo, efetivamente, a grande âncora do turismo no Estado. Mas é claro que é possível e extremamente importante adicionar mais atrações de base cultural, da história, da gastronomia, do artesanato, algo que já está sendo feito, mas deve ser intensificado ainda mais. Até porque os turistas hoje desejam cada vez mais experiências autênticas com a cultura e com a população do destino. 

E no Nordeste, quem faz melhor…

Entre os Estados do Nordeste, acredito que historicamente a Bahia é provavelmente o Estado que vem investindo há mais tempo na promoção desses atrativos culturais, seja do patrimônio arquitetônico colonial, seja da diversidade cultural de eventos com base na cultura afro. Mas cada destino tem sua própria história e cultura e acredito que haverá uma tendência cada vez maior de valorização da identidade e diversidade local. Isso não significa que um Estado como Alagoas deixe de ter como foco de promoção suas belas praias de cor única e outras belezas naturais. São esforços complementares e não de sobreposição de um sobre outro.