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Imagine se a maior sede histórica de refúgio e resistência de escravos de origem africana das Américas fosse localizado, digamos, em um Estado do Sul dos Estados Unidos.

Difícil imaginar que ele logo não se tornaria um centro de peregrinação internacional e de estudos sobre a escravidão africana, não é?

Apesar de Alagoas ser o berço de Palmares, epicentro do maior conglomerado de quilombos de resistência à escravidão da América Colonial, boa parte dos alagoanos parece ainda não ter despertado para o potencial do Estado como sede de turismo cultural e de promoção de estudos internacionais sobre a escravidão.

Ao menos nesta quarta (28), um encontro realizado na Universidade Federal de Alagoas dá um passo nessa direção ao reunir no Estado alguns dos maiores especialistas do Brasil sobre o tema. Trata-se do IV Encontro Nacional do Núcleo de Estudos Sociedade, Escravidão e Mestiçagens (NESEM), grupo criado em 2014 pelo professor de História da Ufal, Gian Carlo, cuja programação até a próxima sexta (30) traz a Maceió pesquisadores renomados na área como João José Reis, Mary Del Priore, Marcus Carvalho, entre outros.

“Palmares não pode ser reduzido, anacronicamente, a um fenômeno alagoano ou brasileiro, já que estamos falando de um tempo em que o Brasil sequer existia como nação independente”, diz o historiador Gian Carlo, à frente do evento. “Palmares precisa ser visto como um fenômeno atlântico, já que sua existência e importância o tornava conhecido para além das fronteiras da América Portuguesa , inclusive por escravos que se destinavam à América Espanhola”.

Como lembra o professor Gian Carlo, contudo, o encontro em Maceió vai muito além do fenômeno de Palmares - e trata dos vários momentos da escravidão no Brasil, do século XVI ao século XIX.

Confira programação abaixo e mais detalhes sobre o Nesem aqui (segundo os organizadores, apesar das inscrições esgotadas, é possível deixar o nome em lista de espera no site).